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Dias eram os que escutavam
Os gemidos do tempo do tédio
Em cada passo uma angústia
E os dias eram como noites
O tempo não rolava
Por entre a escuridão da estrada
Os cafés estavam vazios
E nas casas só o silêncio eremita
Dias eram como noites longas
E o mundo chegava
Pela televisão da casa do povo
E o monótono
Era cortado pelo circo mediático
Do comentário momentâneo
E qualquer acontecimento fútil
Era caso de admiração
Dias que foram tantos dias
As perguntas e o desassossego
Andavam de mão dada
Só o domingo uma rotura
No marasmo instalado
Horizonte sem futuro
Matador de projetos
E a esperança era redonda
Como redonda é a rodilha
Do cântaro que vai à fonte
Dias que foram longos anos
Aos domingos a missa
E o padre
Único agitador de consciências
Suscitava a atenção
Pela raridade de bem falar
Os temas mediáticos
As alminhas sequiosas
Na única fonte de conforto
À mão iam beber
Talvez num outro dia
A esperança de mudança
Ultrapasse a quimera
E tal como o magma fervilhante
Encarcerado
Ciclicamente se expande
E ressuscita o vulcão
Talvez este povo acorde
E entenda com acuidade
Viver a revolução
Talvez um dia seja feriado
E a mansidão esgotada
Talvez um novo vinte e cinco
De madrugada
LUMAVITO
20150821