Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Nesta época festiva
Celebra-se Pobreza
Fome Desemprego
Mentiras dos políticos Desassossego
Neste Natal de loucos
Arrastando-se Compassadamente
Nos corredores Do centro comercial
Nos vidros embaciados pelo bafo
Esta gente
Que morre aos poucos
Sendo que pouco tenha
Na mesa ao jantar
Na lareira arde a lenha
No bolso apenas trocos.
Euforia desmedida
Compra consolas Peluches Chocolates
Gomas de consumir o tempo
E o bicho da ansiedade contida
Esta gente Triste gente
Aparentando toda a calma
Com cara sorridente
Disfarçando o que lhe vai na alma.
Preces ao menino
Ai que ouse algum cretino
Não entrar no ritual
Da imagem do Natal.
Alguns vão à missa do galo
Cativos Fervorosamente
Do Jesus menino
O poder inconsciente
Da fralda de linho
E da vaca indolente
Dos camelos em pleno deserto
Com a estrela por bem perto.
Vêm da missa do galo
Que amanhã já é assado
Vão pra casa Trocam presentes
Comem fritos
Bailarotes Pimpolhos
Filhoses quentes
Sonhos benditos.
Animam-se
Do diário tédio que subsiste
As escuras nuvens do dia
Dos dias invariáveis
Que nada trazem de novo
A não ser mais tortura
Imutável horizonte deste povo.
É Natal Ou já não
Já passou
E a louca euforia por cima
Para esconder a monotonia
E novo ano se aproxima
Celebrado Em estridente cacofonia.
As lojas voltam a encher
Champanhe Marisco
Mais comida Bem bebida
Irrompe pelas gargantas
Empanturram-se
Coca cola Cerveja
Outras bebidas de estalo
Animados Empolgam-se
Abraçam-se beijam-se
Ao tocar as badaladas
O ano vai ser novo Vai ser muito bom
Nestas gargantas bem regadas.
Bandulho atulhado
Cérebro perturbado
Perduram até à exaustão
Romper da aurora
Traz securas
Fazendo das tábuas Colchão.
O que resta todo o ano
Olheiras Mau estar
O desejo de coisas novas
Na vida do quotidiano
Rápido virou azedume
Nada mudou As mesmas trovas
Nem o calor de algum lume
Poderá estas mentes arribar
Já que de pensamento velho
Não se faz bom conselho.
LUMAVITO
05/01/2015