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LÁGRIMA SOLITÁRIA
Porque me deixas de rastos
Tu que eras minha
Abandonas-me
E expões-te ao vento
Fico sem jeito
Quando a emoção me escapa
Entre os dedos da mão
Eu que me queria afigurar de forte
Só me paras nos socalcos da face
E deixas-me mudo a olhar
Para dentro de mim
Sem saber se me destroças De vez.
Mas não, não me deixas esvair
Em tristezas corridas Cinzentas
A tua avenida rasgada cara abaixo
Salgou o leito da emoção
Que me invadiu
De ver uma criança
Fixar os olhos num mendigo
Que habita um cartão
Debaixo da varanda dum prédio.
Libertou a mão
Fugiu
Envolto em comovente ternura
Dá uma corrida apressada
E afaga ao velho o rosto dormente
Marcado pela dor de tal vida
Amargura.
Porquê a criança
Porquê um marginalizado
Por esta sociedade
Olho humedecido Brilhante
Porquê o seu sorriso
Arrancado neste dia
Em troca duma carícia?
Deste mundo
Neste momento
Esta imagem
Cala-me bem fundo
Não quero
Não consigo dizer mais que…
Este é o meu Natal.
LUMAVITO
27/12/2014