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Julgava-me perdido
Na selva dos choros ácidos
Não fui eu que fugi
Deixei-me ir resvalando
Penso um rio e um cavalo
Às vezes fogo tantas vezes lama
Agarrei-me às paredes ténues do êxito
Fui arrastado na enxurrada
De lobisomens e vampiros
A tortura é infame
Sugam sorvem-me o sangue
Que se arrasta nas veias ressequidas
Do trânsito citadino
Seco os pensamentos desventrados
Numa encosta soalheira abrasadora
E rasgo no chão o poema
Das palavras agrestes
Do xisto estéril da pedreira
Sei do marasmo latente
Na melancolia encarcerada
LUMAVITO
13/04/2015
Nos sulcos do mar do teu cabelo
Um bote cruza as ondas agitadas
Na tua face
Um olhar fugidio
Consome os gestos perdidos
Da aurora boreal
No piano do teu peito ofegante
As teclas rangem
A melodia das gaivotas
Que esvoaçam em redor das redes
Prenhas de peixe
As tuas mãos estão mobilizadas
Tensas Trémulas
Aguardam qualquer coisa que lhes escape
E lhes dê fruto de tanto esforço
E os teus pés
Pisam as cordas da viola
Pasmada da violência da faina
O som abafa-se no cansaço
As canastas estão cheias
E a orquestra parou
Escuta-te
Vê-te consumir o tempo
Esse tempo que nos falta
Mas não faz falta
Para estarmos…
Grito de espanto
Saboroso este viver
Ver desligar a luz do sol
Finda que está a esfrega
E o teu corpo ensaia
A agitação das águas
E começa a dança da tua silhueta
Pelo meio da refrega
Sorrateira
A penumbra toma conta do momento
Porto de abrigo
Onde roçam os cascos da fadiga
Os lençóis escondem a nudez
Dum mar profundo de segredos
Misterioso é o sono
Balouçando nas águas da bonança
LUMAVITO
09/04/2015
Sentado ou de cócoras
Alivio da pressão
No centro comercial
Ou algures pelo campo
Fugindo à confusão
É primário por isso vital
Como é comer e beber
Presta-se ao modo informal
Descer as calças pró fazer
Estranha forma de libertação
Prazer picante se obteve
Deixar atrás a carga em ebulição
Largar o poiso onde se esteve
E ficar bem mais leve
LUMAVITO
08/04/2015