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SER

por avidarimar, em 02.07.17

Ser é um estado de conhecimento a navegar

Uma forma de consciência em ebulição

Ser é de um farol a estrutura de fundação

 A suportar

Que irradia lampejos de intermitência

Do navio que segue solitário no escuro

Neste mar imenso que é a vida resistência

 

Este sulco que rasga o mar

Tem na proa o guia que o conduz

Entre os rochedos e os bancos de areia

Por entre o mar navegável a rasgar

Contornando os obstáculos

Perseguindo o que nos norteia

 

Ser não é só por si

Um porto de abrigo ou objetivo

Um lugar onde o navio se protege da ondulação

Em tempo instável

Carregado de perigo

Ser é um viver permanente a navegar

Em tempos de bonança

Quando o vento é favorável

Como o é nas tempestades

Ou quando sopram de rajada

E a nau balança

E que quando as intempéries

Tocam de surpresa à proa

Também elas fustigam a ré

E o navio circula à toa

 

 

Ser é um resistir permanente

Às pedras sinuosas da estrada

Agressiva e enfadonha

É sentir aquela dor penetrante do ser real

E a planta do pé desnudo

Faz da dor uma aparência indolor

E a resistência como escudo

 

Ser é perpetuar-se para lá dos bombardeios e explosões

Que nos tentam desviar do caminho que seguimos

Sem desistirmos do ser integro e coerente

Ser é não permitir que a amargura nos afunde

Mesmo que o mundo desabe sobre nós

Nem que para isso se recorra

À figura do “faz de conta” que ”está tudo bem”

Pois o preço do afundamento não tem limite

E a capacidade de ser herói  ninguém tem

Sem que haja algo em que acredite

 

 

Ser é o sentimento mais profundo

De que viver é o desígnio

Centrado no que há de mais natural

Sem enfeites e sem preconceitos

Excêntrico a nós

E com epicentro no ser inquebrantável

E ser digno é essência estrutural

 

 

Ser é acrescentar algo mais

Ao mundo que encontrámos

De forma generosa e sem nada em troca

Ser é rejeitar o logro a mentira

A vingança e o egocentrismo

Onde o “não” não tem espaço pra se alojar

E o ser é a entrega para se ser

Sem nada de que se espere

E com tudo pra conquistar

 

LUMAVITO

20170701

CXCI

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publicado às 00:43

UTOPIA

por avidarimar, em 24.06.17

Se eu tivesse a certeza de quem sou

Talvez me pudesse conhecer um pouco mais

E saber porque ando por aqui

E para perceber o que posso vir a ser

Pois o acaso apenas conduz a nenhures

Mas não posso querer ser um outro eu

Só para me sentir cómodo

E não ser esse eu

Que não sei quem é

E o desconhecido é o prelúdio do abismo

 

Sei que a luta é a de um rio a desbravar caminho

E sempre que acaba o ciclo

A mesma água volta a calcorrear o mesmo percurso

E o sentimento é de quem não reúne simpatias

Certamente até de incompreendido

Mas a crença por algo mais superior

Retira-nos até a lucidez

 

Nos bancos de jardim do meu quarto

Sentam-se esse outro eu

Que desconheço

Com os seus comparsas de rotina

E todos desfilam silenciosos na sombra

Incluindo esse eu

Que olha em redor

E vê através da janela

Os transeuntes que passam céleres pela rua

Apinhada de coisas tão irreais

Como se a realidade fosse uma verdade única

E se a verdade se transformasse

Numa única e pura realidade

 

A verdade é às vezes real

Porque a ficção é um amontoado

De imagens que queremos engolir

Mas não faz da realidade a única verdade a ingerir

 

Cheira a febris e pútridas conversas de faz de conta

Latejam realidades arrepiantes e assustadoras

E o amargo que regela a garganta

E a torna seca como rocha

Como se trampa deslizasse até ao estômago

 

Verdadeiramente possível mas improvável

É o sonho do mundo com um pensamento lúcido

Transparente lógico e emotivo

 

Em cada passo de cada vagabundo

Solta-se a amarra duma palavra muda

Trémula e prenha de vácuo

E o diálogo que se suporia acolhedor e envolvente

É uma vozearia de sons esmagados pelos tacões

E um vazio de sentido e senso

Uma algazarra de absurdos

Um matraquear de monossílabos metálicos constantes

E a confusão gerada naquela ordem

Que ninguém conhece

Nem como funciona

 

As palavras resvalam húmidas

Como as paredes das cavernas

E alojam-se como lama

No chão escorregadio

Deste charco

Labirinto imundo

Que é a urbanidade selvagem e impiedosa

E o meu eu transforma-se no umbigo do mundo

 

Realisticamente possível

Mas dramaticamente improvável

É o pensamento se metamorfosear

Na realidade mais lírica e louca

De que o humano se consegue desprender

E continuar a lutar por ideais

E só por ideais

Apenas assistido pela metafísica

Ambígua e pobre

Como se Lázaro uma força divina

Que nos mantém ingénuos e puros

 

Matematicamente possível

Mas vergonhosamente improvável

É qu se cumpra

Que a sorte se pode buscar em qualquer quartilho da roleta

E que ela se queda

Sempre de igual modo do lado da fantasia

Como se o mundo material e físico

Não fosse comandado pelo campo magnético

Que faz  parar a bola da sorte

Sempre no mesmo quadrante

 

Contabilisticamente possível

Mas tristemente improvável

É a justiça que se diz cega

Não levante a venda

Para saber se este eu no banco dos réus

Não é um outro bafejado

Que mereça uma cega ajudinha

Por ser “gente respeitável e boa”

À luz da justiça criada pelo rasteiro humano

 

Irremediavelmente improvável

É este eu sentir

Que vale a pena não se deixar abater

Nesta luta desigual

E no entanto

Continuar a acreditar

Que vale a pena lutar

Pra mudar o imutável mundo manipulado.

 

 

LUMAVITO

20170624

CXC

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publicado às 23:01

CRÓNICAS DE UM PESCADOR

por avidarimar, em 22.06.17

Se há dias, a faina estava intensa, nesta altura, a azáfama do lançar das redes à mesa, e a ânsia por uma boa pescaria, dão o mote a um momento buliçoso e apaixonante. Os olhos do pescador brilham, como brilha o reflexo do sol nas águas calmas,e o vento está ausente. Talvez a sobremesa seja uma iguaria amiga da diabetes. Cheiro a sal e mar são o digestivo apaziguador. A seguir, o sossego ajudará a fechar este dia calorento, mas deveras saboroso.

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publicado às 22:10

À MESA, A FAINA

por avidarimar, em 18.06.17

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Em plena sala se faz ao mar

A faina é dura

Mas não pode parar

Não dão descanso ao pescador

A família e o dever

Cavalga uma brisa marinha

Pelas narinas o seu odor

Se à rede não vem sardinha

Não há pão na mesa pra comer

 

LUMAVITO

20170617

CLXXXIX

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publicado às 00:14

NESTE DIA LINDO

por avidarimar, em 23.05.17

Gesto vigoroso firme e certo

Olhar meigo e doce

Consome a vida como se fosse

O primeiro dia do seu universo

Sem que o tempo rolasse

E restasse sempre na sua posse

 

Nos olhos cândidos trespassa a fibra

Não há momentos mortos a seu lado

No ar plana sorriso rasgado

Em seu redor o mundo inteiro vibra

De alegria imensa por existir

E o cansaço sem lugar pra resistir

 

Um sonho lindo não se perde

Nem no tempo se esfuma

É como se sozinha passeasse

Numa qualquer ligeira bruma

Pisando a relva dum tapete verde

E alcançar o almejado desenlace

 

Da Miriam fica o exemplo

Que não se é herói depois de morto

É no caminho árduo e duro

Que com firmeza alcança o futuro

E com efusiva vontade de viver

Quem assim luta só pode vencer

 

LUMAVITO

20170523

CLXXXVIII

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publicado às 22:09

DE PÁSSARO TENHO O CORPO

por avidarimar, em 28.04.17

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publicado às 00:54

CAVALGO SEM PARAR

por avidarimar, em 28.04.17

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Esvoaçam as crinas aveludadas

E cavalgo todos os pensamentos libertinos

Que a brisa fria e nostálgica

Nos presenteia

Com a quietude do infinito

Aqui tão perto

 

Tomado pelo vento

O cabelo esvoaça revolto

Neste pedaço de vida quase perfeito

A grandeza dos montes

Impregnada pelo austero das estepes

Acentuou a distância

Que nos separa do mundo

 

Só há acima

E acima desta visão celestial

Só os montes sem vales

Montes cinzentos, azul-prata

O alvo da plenitude branca

Da neve sedosa e implacável

 

Tenho ganas de subir ainda mais

E fugir deste mundo agreste e babilónico

Não há Sírias nem Palestinas

Não há Coreias nem Venezuelas

Nem mortos no Mediterrâneo

No terreno não há lugar para a disputa do petróleo

E a Europa dos valores que se esfumaram

Está bem abaixo de nós

 

Esqueci o que vai nos vales

E só a magnitude me enche a alma

Cavalo e cavaleiro são levados pelo sonho

De desfrutarem sem fim

Este paraíso terreno

Acordar não faz sentido

 

LUMAVITO

CLXXXVII

20170427

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publicado às 00:51

AS CORES DO FIM DO DIA

por avidarimar, em 14.01.17

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Viva  e Intensa

Prenhe o céu  que nos cativa

Esta coloração como se uma tela fosse

Despede-se imponente e altiva

Naquela névoa laranja  e doce

 

A tarde esvai-se na planura escaldante

E o pássaro do sul se vai esfuziante

Na esperança que amanhã se repita

O restolho debaixo dos pés crepita

E o sol tórrido aos poucos esfumou-se

 

Mais não é que quadro arrebatado

Uma miragem dos dias de calor

É pincel tela e tinta ao nosso lado

É alento coragem e fervor

De um dia intenso quase acabado

 

LUMAVITO

20170114

CLXXXV

 

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publicado às 18:24

FICA A MEMÓRIA

por avidarimar, em 08.01.17

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De muitas figuras se faz um povo

De figuras destacadas o seu carater

Se for preciso atrás voltar

E erguer-se de novo

Porque não

É a luta que marca uma vida

A alma duma nação

 

Não partiu sua memória

Permanece dele a coragem

Foi por todos arauto da liberdade

E o desprezo pela glória

Nunca pretendeu viver do consenso

Todos os dias controverso

Foi pra nós desapegado exemplo

Em busca da maior diversidade

 

Marcado fica Sete de Janeiro

Com ele se regista

Liberdade primeiro

Se cada um disser ao que veio

E ao falar não perder o freio

Alguém que não goste

Que se lixe

“Soares é fixe”

 

LUMAVITO

20170108

CLXXXIV

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publicado às 12:46

MÁRIO SOARES      

por avidarimar, em 08.01.17

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Em cada aspeto da vida, é inegável que não consigo disfarçar que tenho opinião sobre todos os acontecimentos no mundo à nossa volta. Para mim, é difícil não formar opinião sobre todas as coisas que nos dizem respeito a todos, como elementos da sociedade. Não faria sentido pertencermos a essa mesma sociedade, e ao mesmo tempo, não participarmos nas discussões que a nós dizem respeito.

Aliás, essa era uma conduta moral defendida pelo anterior regime político, em que a política deveria ser participada apenas pelos agentes políticos. Na maior das contradições, a seguir negava-se o direito à defesa de opinião contrária, nomeadamente por parte da oposição que, de algum modo, atuava sobretudo na clandestinidade.

Seria bem mais cómodo não me pronunciar sobre alguns temas, no meio social em que nos movemos. No entanto, a autenticidade obriga a que, para nós, o mundo não seja uma coisa de pouca importância, e o participar na discussão da coisa pública é, quanto a mim, um imperativo de consciência. Não faço disto um confronto, mas sim a minha participação.

Viver em sociedade pressupõe partilha dos contributos e dos desfrutos.

Naturalmente, cada individualidade contribui com a quota-parte natural e razoável, para o bem comum. É suposto que cada um contribua, na medida das suas faculdades. É suposto que cada um deva receber dessa mesma sociedade, o suficiente para as necessidades de existência, de acordo com os parâmetros de dignidade humana que cada cidadão merece.

É neste contexto que, neste momento, encaixo a notícia da morte de Mário Alberto Nobre Lopes Soares, com uma história de 92 anos de luta, e que ocorreu no Hospital da Cruz Vermelha, pelas 15 horas e 28 minutos, deste mesmo dia 7 de Janeiro de 2017.

De facto, a sua história pauta-se pelas opções que Mário Soares decidiu tomar, ao longo de toda a sua vida, em prole do serviço ao bem público. Filho de ex-ministro da 1ª república, formou-se na faculdade de direito de Lisboa. Cedo se envolveu em ações de contestação ao regime político vigente, até ao golpe do 25 de Abril de 1974.

Com a formação de advogado, em vez dessa, a sua vida foi orientada para a política. Poderia ter enveredado pela advocacia, poderia ter sido professor, poderia ter seguido os caminhos dos negócios da família; em suma, poderia ter tido muitas outras profissões.

O ímpeto que a verticalidade de caracter lhe conferiu, ditou que o seu rumo fosse a política. E os reveses foram marcantes, durante todo o percurso. Preso por diversas vezes, foi deportado para S. Tomé e Príncipe, e acabou exilado, até ao 25 de Abril.

Homem de convicções profundas, foi militante do Partido Comunista Português, fundou vários movimentos políticos, entre os quais a Resistência Republicana e Socialista. Em 1973, em conjunto com diversos elementos defensores dos mesmos ideais, funda o Partido Socialista.

Dotado de um caracter marcante e frontal, nunca enveredou pelo unanimismo, conferindo à sua ação o inegável direito ao contraditório, um defensor acérrimo da liberdade, promovendo a diversidade de ideologias políticas, contrárias à sua. Foi ele que incentivou Freitas do Amaral a criar o CDS, a fim de preencher um espetro político mais alargado, por forma a dar lugar ao contraditório.

.Frontalmente contra os consensos , e de uma coragem moral e física incontestável, elevou a liberdade como o foco máximo, no exercício do bem público

Nos momentos mais difíceis na política portuguesa pós 25 de Abril, Mário Soares não se eximiu a tomar posição, e a lutar em defesa do que entendia ser a solução mais correta para cada situação a resolver. E habituámo-nos a vê-lo defender posições que se vieram a revelar posteriormente, ser as mais corretas, não pretendendo defender a razão, antes de a ter.

Já de idade avançada, quando tudo defendia a proteção e resguardo da sua figura, foi à luta, em defesa das suas convicções.

Se tivesse que publicamente, ler estas palavras que agora escrevo, seria com voz embargada que tal discurso soaria. A comoção é incontornável para quem comunga de princípios ideológicos, e de caracter, com um defensor da liberdade, a quem apelidaram também, de animal político, tal o instinto genuíno para “gestão das nações”, o paradigma da política.

Imbuído deste espírito, apetece-me repetir o solgan cada vez mais atual, e que contém um misto de gratidão, e reconhecimento dos valores defendidos por esta figura de dimensão mundial:

“ Soares é fixe!”

 

LUMAVITO

20170107

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publicado às 11:58

FIM DE TARDE

por avidarimar, em 07.01.17

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publicado às 00:38

O POLVO

por avidarimar, em 05.01.17

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Tentacular

Oculto

Move-se no quotidiano

Disfarçado de mundano

Faz da vida um tumulto

Envolve-nos nuvem espessa

Numa atmosfera irrespirável

Faz de nós corpo imóvel

Até  que o sufoco aconteça

 

LUMAVITO

20170105

CLXXXIII

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publicado às 01:22

JÁ OUÇO A VOZ DO MAR

por avidarimar, em 13.09.16

No silêncio da duna adormecida

Arrasta-se onda atrás de onda

A voz suave do mar envaidecida

E o som brota liberto em cadeia

Deslizando a espuma na areia

E haja algo que lhe responda

Pela minha alma renascida

 

Se no bloco lhe dei ouvido

Em troca ganhei esperança

De captar qualquer ruído

Por entre tanto cuidado

Tanto carinho e confiança

Ouvir a sua voz pausada

A magia do som recuperada

É prudente e faz sentido

Sentidamente agradecido

 

 

LUMAVITO

20160909

CLXXXXII

(Dedicado à Drª Rita Lameiras)

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publicado às 11:15

DOUTORES SABICHÕES

por avidarimar, em 14.08.16

Ele domina tudo o que lhe aparece

E sabe tudo o que lhe tentam ensinar

Conheço as manhas de quem tudo conhece

Se passar um dia sem nada aprender

Estarei decerto mórbido de corpo

E a alma ignorante tende a vegetar

Se algué nasce desequilibrado e torto

Ninguém o poderá endireitar

 

LUMAVITO

CLXXXI

20160813

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publicado às 00:04

ESTA CRENÇA QUE ME MOVE

por avidarimar, em 11.08.16
Não sei se é fé
O indomável ensejo de vencer
E de me suplantar como ser
Ou se é férrea vontade
De me vencer a mim
E não aos outros
Por pretensa rivalidade
 
E se disser que é por fé
Que as montanhas se movem
Minha santa sociedade
E do alto do púlpito
Aplaude em uníssono
Bem alto diz “ámen”
Sem se aperceberem
Deste mundo homófono
Apregoando que o destino
É obra do divino
 
Se à vontade se aliar coragem
“É apenas mais um
Que se esfalfa desalmado
Corre sem saber para que lado
E sem nexo algum”
 
Se essa força que dizem interior
Que desloca a montanha
Seja lá o que for
Porque não pelos nomes
Simplesmente chamar os bois
E se a vontade é pertença humana
Porque não intuir
Que a montanha mundana
Se move depois
Da humana vontade
No caracter se fundir
Porque só o humano espirito
Inventa eternidade

 

 

LUMAVITO

CLXXX

20160810

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publicado às 00:36

AO DE LEVE

por avidarimar, em 30.07.16

AO DE LEVE

 

Vertiginosa e louca a vida flui

Os dias correm como um turbilhão

O fulgor dos verdes anos se dilui

Passa o homem como mera personagem

Do seu rasto apenas se regista a ação

Consome-se como se fosse leve aragem

 

O tempo não é mais que o efémero

Levado ao produto final da ebulição

Ou como mera molécula de oxigénio

Viver não é um imaginário convénio

É embebedar-se da genuína satisfação

 

É o sincero carimbo do prazer terreno

Com a alma simples de ser grande

É o gume da espada que se brande

Num caminho trilhado bem pequeno

É o cunho bem forte sério e sereno

 

E se a vida pode ser uma festa

Com ela virão sonhos e quimeras

Comemoremos juntos agora esta

Por entre tantas vindouras primaveras

 

LUMAVITO

CLXXIX

20160730

(Dedicado ao aniversariante João Miguel Pereira)

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publicado às 00:43

O PÔR DO SOL

por avidarimar, em 29.07.16

E se o sol é posto no horizonte

É o que está em mim defronte

Que me anima decerto ir em frente

É o sonho que nasce em mim no presente

E a mente se vai do corpo e irrompe

Nos socalcos do Marco

De repente

 

LUMAVITO

CLXXVIII

20160716

Dedicado à dançarina do Marco de Canaveses

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publicado às 23:42

ACREDITAR

por avidarimar, em 11.07.16

É o atroar do rugido de revolta

De uma nação inteira a torcer

É a alma dum povo que se solta

De quem não se deixa abater

É um sonho da vontade envolta

Da força de novo dia a nascer

 

LUMAVITO

CLXXVII

20160711

(Homenagem à seleção portuguesa, campeã europeia de futebol 2016)

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publicado às 21:59

NAVEGAR

por avidarimar, em 29.06.16

Apetece-me navegar sem destino

Velejar perdido saboreando o vento

Sentir que a urbe está bem longe

E o horizonte seja lugar clandestino

O relógio seja máquina sem tempo

Que a brisa seja perfume e sustento

 

Quero ver do extenso mar

Irromper o sol de oriente

Quero ver a grande estrela solar

No zénite mais quente

Quero vê-lo curvar-se no horizonte

Lançando ancora a ocidente

 

Contemplar o meridiano celeste

Sem vivalma que à vista se aponte

Bem longínquo do deserto agreste

Cruzar os mares em contramão

Quero saborear no mar a solidão

 

LUMAVITO

CLXXVI

20160629

20160629 IMG_0013.JPG

 

 

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publicado às 23:40

GIRA A BOLA

por avidarimar, em 13.06.16

 

 

Gira a bola

E a paixão cresce

O mundo real

Em mutação constante

Alucinado

Torna-se estanque

 

Não permite oxigenação

E de seguir em frente

Os sonhos como glória

Os pesadelos como fatal

Numa razão decadente

 

Corações arrebatados

E de diversa dimensão

Pela vitória

Dilatados

Pela derrota

Em contração

 

O estádio é a plateia

O palco a relva verdejante

O adepto é o fervor

Em contenda a bola saltitante

O jogador           seu exímio ator

 

E no final corrido o pano

Os aplausos aos melhores atores

Os outros

Cabisbaixos

Os juízes de bancada

Excelentes doutos

Continuam em palco

Fazendo parte dos vencedores

 

LUMAVITO

CLXXV

20160613

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publicado às 16:20


Pretendo abordar diversos temas da vida de um país, em claro desespero de sintonia entre governados e governantes. A forma pretende ser a poesia, com mais preocupação pelo conteúdo da mensagem que pela forma de estilo.

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