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SOB RESGATE

por avidarimar, em 13.04.15

Esperei por ti

À entrada da porta

Procurei-te

E em redor           nada encontro

Aguardo um sinal teu

Ou doutro de quem eu sou

Algo que anuncie a tua chegada

Uma mudança, algo novo

Para quem

Já tanto sangrou

Outro caminho

Para este povo

 

À minha volta

Não almejo senão     natureza morta

Linhas rectas

Linhas tortas       em confronto

Com o aconchego

O calor que este lugar

Outrora viveu

Antes, contigo

Montra iluminada

Com projectores

De brilho intenso

Memórias que, no meu baú, adenso

De companheiro para amigo

De honesto para solidário

De quem faz do trabalho, arma

E do rigor, o seu caminho

 

Procurei-te na mesma rua

Onde juntos, sorrimos

Vagueei abaixo e acima

Na esperança de te olhar

Rebusquei-te na esperança

Que alguém alerte

Que estás perto

Bem perto

Logo ao virar da esquina

Deste tempo

Tempo triste, medonho

 

Vou até junto do mar

Quando está de bonança

Mas ele não me aponta

O caminho certo

Fora de qualquer rotina

Vem-me à ideia

Que sumiste

Mas não desisto

 

Longe vão os tempos

Que passeámos de mão dada

Tu e eu

Um Abril longínquo

Um Abril de menino

Chegaste pela mão

De quem não se resignou

Homem, capitão

Carregado de ambição

De entrega ao seu povo

E a revolta pela injustiça

Pela incultura

Obscurantismo

Deu lugar à libertação

De um povo

Sedento de oportunidade.

 

Cresceste em Maio

Amadureceste, anos a fio

Suplantaste adversidades

Deste forma ao rosto do talento

Subiste os degraus

Da escada da igualdade

Subiste ao planalto da cultura

E do mérito

Trepaste a montanha do saber

E do alto da colina

Espraiaste o olhar

Pela conquista de um povo

 

Quarenta anos a tua idade

Quarenta na província

E ainda na cidade

Quarenta anos em terra

E no mar

Quarenta anos após a guerra

Quarenta anos

E não vemos o teu olhar

Não sentimos o teu pulsar

E não sabemos onde cumpres

Uma pena de um crime

Que não cometeste

Não abraçaste nenhum mal

Ousaste ser livre

Não ouvimos tua voz serena

Em dias de vendaval

 

Tenho uma dor

Cravada no peito

Uma dor profunda

Uma dor que me corrói

E dói muito

Mas não…

Não me calo

Não aceito que me silenciem

Esta dor que a todos dói

 

Diz-nos onde estás retida

Sem ver a luz do dia

Se puderes, que podes

Grita bem alto

Que não estás perdida

Mas se estás amordaçada

Nós aqui, sem ti

Não somos nada

 

Nós aqui

Somos povo, somos gente

Somos malta

Nós aqui estamos todos

Todos sentimos a tua falta.

 

Nós aqui

Continuamos à tua espera

Não nos amedrontamos

Com o rugir

De uma qualquer fera

Nós aqui

Estamos prontos

Atentos

E para além da saudade

À noite, pela calada

Perseguimos-te

Pelo nascer da alvorada.

 

Nós aqui

Estamos famintos

Procuramos-te

Nós aqui

Queremos-te

Liberdade.

 

LUMAVITO

30/03/2014

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publicado às 22:05



Pretendo abordar diversos temas da vida de um país, em claro desespero de sintonia entre governados e governantes. A forma pretende ser a poesia, com mais preocupação pelo conteúdo da mensagem que pela forma de estilo.

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