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TÃO SÓ TU
Ao acordar dum sonho
Elegi um objetivo
Pelas vielas do pensamento
Acordei o equilíbrio
No rosto amargo da agonia
Saboreei o alento
Num percurso estreito
Capturei um espaço
No mar profundo
Vislumbrei as estrelas cintilantes
No planar duma águia
Encontrei a tua garra
Em plena cidade
Ignorei a multidão
Senti a amizade
Na pata do meu cão
Numa poça de lama
Enterrei as minhas mágoas
Na toca escura da tristeza
Acariciei o orgulho
No lago fingido da mentira
Provoquei rebelião.
Fui a meio da floresta
Bebi a taça da alegria
Nas margens verdes do rio
Soletrei a força da torrente
Nas pétalas duma flor
Respirei o néctar da leveza
Nos píncaros da montanha
Gritei liberdade
Na barcaça da ignorância
Remei os mares do teu saber
Na face da rocha
Esculpi o teu nome
Na casca duma árvore
Desenhei o teu caracter
Nos degraus deste poema
Doeu-me
Triste por mim
Não pelo que fiz
Não pelo que errei
Nem pelo que sei
Mas por tudo
Tudo o que não aprendi
E do que não fiz
Pelo empreendimento
Que não acabei
E pelo que não te ouvi
E pouco te olhei
Vagabundeei
Até ao fim do mundo
Companheiro da solidão
Encontrei-me, por aqui
E por ali
Quente, suado
Gélido, molhado
E chorei
Pensando em ti
Mas não é tarde
E o tempo espera por nós
Se queremos empreender
É tempo
Na manhã do teu percurso
Conquistado a pelejar
Tempo de aprender
Mais tempo pra fazer
Mais caminho a percorrer
Correr mais distância
Desenfreado
Todas as pessoas acordar
Do acomodar adormecido
Sem vacilar
E olhar em frente
Rasgar o lado poente
Virar-me para o sul
Para todo o norte
E prá nascente
Vê-la correr
Encosta abaixo
Toda a resistência
A ultrapassar
A perseverança a consumir
Até à exaustão
É tempo de recuperar
O tempo que não foi tempo
Pois esse não foi tempo de fazer
É tempo pra mais alento
Para continuar a conquistar
Sem olhar pra trás
Percorrer os caminhos
Longos caminhos de emoção
Tempo de, todos os dias
Com o suor do rosto
Escrever com carvão
Ou com sangue
Nas nuvens da esperança
E da ambição
Páginas deste livro
Escrito todos os dias
Nos dias de calor
Como nas horas longas
Das ínvias noites frias
O que ontem era sonho
O que ontem abriste
E analisaste
Em cada peça
Em cada engrenagem
Tudo o que arquitetaste
E o que por ti foi acrescentado
E percorreste
Chegámos ao hoje
Nós, orgulhosos
Tu exigente
Hoje é aqui
É assim de forma simples
Tal como o vemos
O sentimos
O inalamos
Mas sobretudo
O que imaginamos do amanhã
Este é o momento da viragem
Um caminho repleto
O início de outra viagem
De coragem
Essa ansiedade que espelha
O insaciável
De percorrer já hoje o amanhã
Fá-lo-ás a partir da manhã
Sem pesos, sem amarras
Com um grito de liberdade
Com o rasgo do atrevimento
Esse rumo está todo por percorrer
Os momentos do amanhã
Estão todos por viver
As lágrimas de amanhã
Estão todas por chorar
Os sentimentos de amanhã
Estão todos por sentir
E porque os momentos do amanhã
Estão mais ricos
Depois dos momentos de ontem
E dos de hoje
Os recantos do amanhã
Estão todos por desvendar
Vamos saborear
A brisa que nos envolve
Fechar os olhos
Respirar fundo
Sorrir
Maravilhados pelo que
Os nossos olhos veem
Os nossos ouvidos
Captam este momento
Deixemos que o que os dedos afagam
O córtex atente
A delícia do fruto
Quero ter braços
Pra abraçar todas as razões
Não mais perder
Um minuto de paixões
Mergulhar o poço inesgotável
Da ilusão
Com todo o sentimento
Que o sentir permite
Que o coração palpita
Num turbilhão
É por isso por tudo isto
És tu
Apaixonadamente tu
Metade da razão
LUMAVITO
19/04/2014
À Ana Rita