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Na falência dos dias de Abril
Ruidosa irrompe a passarada
Os campos vestem cor primaveril
Nos recantos desponta a vida
Em cada botão uma rosa inventada
Neste Abril que já foi quente
Resta agora soturno cinzento
O céu carregado está diferente
Chuviscos aguaceiros trovoadas
Triste choro rotundo lamento
Das nuvens que passam revoltadas
Tal o céu tal o tempo
Estas gentes deslizam abatidas
Rendidas à evidência do momento
Lambendo o sangue das feridas
Enterradas num cego desalento
Esse lado atrevido irreverente
Comum em tempos de revolução
Extinguiu-se fez-se em nada
Essa letargia de opinião
Mais parece agonia prolongada
Sem que desperte reação
Efémeros sinais reativos
Mais não são
Sem real foco apelativo
Uma agonizante mansidão
Talvez até agente passivo
Ou será que as manifestações
De um milhão se esvaziou no tempo
E que com o descartar
Da hipótese de eleições
Em fim de dois mil e catorze
Pôs a nu a chantagem de Belém
Vejam lá a quem isto convém
Será então
Um poupar de forças
Por umas quantas quinzenas
Por Setembro e Outubro
Que se aguarda apenas
Para depois sim
Tudo precipitar ao rubro
Interrogo-me
Se é preciso expirar
A geração que viveu setenta e quatro
Para emergir espirito de consciência
Nesta geração bem mais culta
Como em peça de teatro
Que trata a aparência
Mas sem reação forte
A quem mais os insulta
Sigo com atenção
E à distância
Se mudar com coragem
É a opção deste povo
E à partidária alternância
Quem sabe se continuado engodo
Em vez de nova aragem
LUMAVITO
30/04/2015