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É no monte
Que nasce a corrida
Armado para calcorrear
Qualquer trajecto
De ténis T-shirt e calções
Golpeando a colina
Por vielas serpenteantes
Com o verde dominante
Da imensa natureza
Lanço mão ao bolso
Do bolso que não trago
Do meu caderno de agruras
Rasgo uma folha de pesadelos
Atiro para trás uma traição
Veredas e atalhos
Em ritmo moderado
Abrem o rol das dúvidas
Angústias, e demais pesos
Que se adensam
Ao nível da provocação
A que o corpo se sujeita
Estas são as dores de parto
E pelo meio da natureza
O poema nasce
Minutos volvidos
Sem por isso dar
Já não se nota o peso
O ritmo estabiliza
A brisa não marca presença
O caminho escancara-se
E o rodado não deixa rasto
Ligo o sistema de sensores
E a par da natureza
O poema caminha.
E dou por mim
Rodeado de todas as cores
Sombras raios de luz
Formas, plantas, caules
Arbustos
Seiva, pedúnculo
Sépalas de um cálice divino
Pétalas, cama de estames
Pólen de todos os sabores
Estame que namora
E se enrola com o estigma
Câmara da reprodução
E em comunhão com a natureza
Floresce o poema
Abro o livro de emoções
Sonho acordado
Prazer é tudo
O que fica pra trás
O que nos ladeia
E tudo o mais
Tudo …
O espectáculo do silêncio
Embevecido pela brisa
Bem leve e ligeira
Amena
E com esta natureza
Cresce o poema
Lombas, curvas e travessas
Rampas desníveis
Motores em alta frequência
O corpo embala
Nada o faz parar
Este duplo exercício
Serve prazer a quem escreve
Brinda com êxtase
A quem corre
E na imensidão da natureza
O poema amadurece
Numa investida final
O ritmo é intenso
A distância longa
O prazer imenso
Satisfação sem medida
Em jornada triunfal
Último sprint
Em pleno orgasmo do cansaço
E na exuberância da natureza
Repousa o poema
LUMAVITO
23/3/2014