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Apetece-me navegar sem destino
Velejar perdido saboreando o vento
Sentir que a urbe está bem longe
E o horizonte seja lugar clandestino
O relógio seja máquina sem tempo
Que a brisa seja perfume e sustento
Quero ver do extenso mar
Irromper o sol de oriente
Quero ver a grande estrela solar
No zénite mais quente
Quero vê-lo curvar-se no horizonte
Lançando ancora a ocidente
Contemplar o meridiano celeste
Sem vivalma que à vista se aponte
Bem longínquo do deserto agreste
Cruzar os mares em contramão
Quero saborear no mar a solidão
LUMAVITO
CLXXVI
20160629
Gira a bola
E a paixão cresce
O mundo real
Em mutação constante
Alucinado
Torna-se estanque
Não permite oxigenação
E de seguir em frente
Os sonhos como glória
Os pesadelos como fatal
Numa razão decadente
Corações arrebatados
E de diversa dimensão
Pela vitória
Dilatados
Pela derrota
Em contração
O estádio é a plateia
O palco a relva verdejante
O adepto é o fervor
Em contenda a bola saltitante
O jogador seu exímio ator
E no final corrido o pano
Os aplausos aos melhores atores
Os outros
Cabisbaixos
Os juízes de bancada
Excelentes doutos
Continuam em palco
Fazendo parte dos vencedores
LUMAVITO
CLXXV
20160613
Abro a janela do meu quarto
E a brisa invade o meu espaço
É o bater do coração acelerado
Que me faz pular
Impelido por um safanão
De melancolia ou estardalhaço
E eu atónito
Prostrado
Sinto que o cinzento é fardo
O meu registo bucólico estremece
Sem que nele tenha mando
Os dias são cardos ressequidos
As noites são sarugas no estio
Sem que o sol irrompa como prece
E rasgue este horizonte doentio
E libertem os sonhos adormecidos
LUMAVITO
CLXXIV
20160609