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O TEMA DO VENTURA

por avidarimar, em 24.01.16

Se por Ventura

O Tema

De discussão

Ainda é tema

Há que discuti-lo

Com voz serena

 

Se por Ventura

O Tema

Já não é tema

Dispensar-lhe tempo

Não vale a pena

É desperdício

Para tanto ofício

 

Subir à montanha

Talvez arrefeça

Febre tamanha

Na tua cabeça

 

LUMAVITO

20160124

CLXVI

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publicado às 10:34

VIVER À PRESSA 

por avidarimar, em 24.01.16

O sol deprime escondido

E os corpos verticalmente assustados

Ainda assim persistindo

Desafiam o rigor da chuva

Levam os putos ao infantário

 

Ainda sonham

Têm esperanças de viver desafogados

Correm pró metro

Deslocam-se adormecidos no subsolo

O trabalho é cumprido a preceito

Comem de pé

A bucha enfeitada em casa

Desfiam as gordas

Nos jornais do quiosque

 

Voltam a devorar o trabalho

Até às tantas

Não vá o chefe reclamar

Correm pra casa

Com o cansaço estampado no rosto

Calam os putos com os fones

Enquanto caldeiram  o jantar

O sofá mostra-lhes a novela

E o debate dos políticos

Fazem amor a correr

Antes que seja manhã

Pra dar para ainda dormir

Antes que seja outro dia

 

Vociferam o futebol

Entram na dança das novidades do bairro

Levam os putos ao centro comercial

Devoram o fim de semana

Sem pensar no fim afunilado

Desta vida encurralada

A reforma enfia-lhes o chinelo no pé

Arrastam –se desalmadamente no tempo

E o horizonte é o cinzento da noite

Até que o sol se apague

 

LUMAVITO

20160123

CLXV

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publicado às 00:44

DEPENDENTE DA SORTE

por avidarimar, em 23.01.16

No regaço dos dias tristes de inverno

Com vinho regas

O olhar melancólico do cinzento dos céus

E o andar trôpego na estrada lamacenta

Trambolhando nas pernas em ziguezague

 

Do lado de lá da vedação

Da feira de vaidades e ostentação

Com vinho regas

As migalhas de um pão ressequido

De uma festa outrora comemorada

 

Na quietude dos tempos parados

Com vinho regas

Os soluços          os tremores

O medo da solidão do espaço sem fronteira

E os caminhos sem destino nem paragem

 

Na solidão da noite da cabana

Com vinho regas

O murmúrio do vento e da chuva

Que recortam em pedaços

A algazarra do silêncio persistente

 

Na enxerga vomitada dos teus pesadelos

Com vinho regas

Um passado com a textura de cortiça

A dor profunda de um presente envinagrado

E um futuro de espírito angustiado

 

Na esquina da rua dos remediados

Com vinho regas

A calçada amaciada pelos transeuntes alucinados

E o fel que penetra pela manhã

Da ressaca com acordes de melodia enfadonha

 

Debaixo do céu da ponte

À entrada da cidade das confusões

Com vinho regas

A enxurrada no rio que passa a teus pés

E não te lava os estragos da dependência

 

Por cima do céu da ponte

Com vinho regas

A ilusão do autocarro que te levaria à cidade

Onde ainda sonhas ser feliz

Mas os autocarros passam e não param

 

Na porta entreaberta do desespero

Com vinho regas

As sombras que pululam à distância

E o teu corpo é o selo do desespero

Sem perceber que o fracasso não é razão

E com vinho regas

A tua sorte que não tem sorte

E afogado no desvario

De uma pinga fermentada na ilusão

 

LUMAVITO

20160123

CLXIV

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publicado às 23:40

A CRUELDADE DO IMPÉRIO NUMÉRICO

por avidarimar, em 14.01.16

Um        Dois       Três

Um        Três       Cinco...

Números            Algarismos

Oitocentos   e     Vinte    e            Seis

Gestos

Oito       Dois       Seis

Repentinos

Olhares                               Sinais    Interrogações

 

Sessenta e     Seis   por      cento

Um cálculo

Seis        Seis        Percentagem

Ajustada à miséria

Quarenta e Nove

Sensação de arrepio

Quatro                 Nove

E os pelos dos braços

Eriçados

Porco espinho

 

Dezasseis ao quadrado

Gritaria

Um        Sete      Expoente            Dois

E ninguém se entende

Zero                      mesmo   Zero

O objetivo

Não se cumpriu

 

Vinte e seis ao cubo vezes

Abrir parenteses

Quatro mil elevado a cinco

Fechar parenteses

A dividir por um

Ao quadrado

A senha dourada da sorte

Vezes a raiz quadrada de um

Calhou a outro

 

Do tempo da pedra

À volta da roda

Pelo tempo do ferro

Do tempo das máquinas

Brotam os robots

Como coelhos da toca

 

Dezassete e onze

Números primos

Mas não de família

Ordem de urinar

Porra

Deixem-me mijar calmamente

E à minha vontade

Perdi o filtro

E a mistura do combustível

É cada vez mais pobre

Não lhe faltando octanas

 

Se sonhar ser um violino

Toque o hino esmagado

As coisas são assim

A vida é assim

Só os números têm razão

 

Produtividade

As mães portuguesas

Pouco renderam

Apenas pariram

Oitenta e nove mil

Em dois mil e quinze

E aumentou o défice das contas

Dos camelos para trabalhar

 

Trinta e um

Mais um que não pagou ao fisco

Três                       Um

Rico    trinta e um

Tramado

 

Trinta     e        Nove   e          Meio

Ordem de adoecer

Três       Nove     Vírgula                 Cinco                    Zero

Sem remissão

Febre    Diarreia            Vómitos

 

Mil         Novecentos       e             Noventa

Fantástico

Um                        Nove                    Nove                    Zero

Mil       Novecentos e       Oitenta e          Três

Brutal

Um                        Nove                    Oito                       Três

Mil         Novecentos e   Cinquenta e       Oito

Persistência

Mil novecentos e cinquenta e seis

Fantasia

Um        Nove     Cinco     Seis

Tempo                 Efémero

Evaporação        Erosão                  Desgaste

Mil novecentos e setenta e Nove

Conquista

Um        Nove     Sete      Nove

Perseverança

 

Pausa

….

Para contar

……..

 

O carro custou

Dezassete mil quinhentos e oitenta e um

Em dois mil e oito

E percorreu

Cento e noventa e cinco mil e setecentos

 

E a fé

A fé mede-se em euros

Ou em dólares

Quem sabe se em barris de brent

Essa fé no precioso metal

Que tudo regula

E nada germina

Na sua ausência

Não tem clorofila

 

A raiz quadrada do desemprego

Resume-se a meros

Três virgula cinquenta e dois por cento

Isto porque já não contam

Os que já não recebem

Quatrocentos e dezanove euros

 

Se chora

É emoção

Se ri

É parvoíce

Condenado ao abandono

Pelo meritíssimo juiz do tribunal

Das contas ridículas

E dos números vigarizados

 

Tantas contas

Vazio de emoção

A não ser de frustração

Cheira mal

Petrifica

Cada pensamento

Tem um número associado

E sinto-me código de barras

Só os sonhos não são divisíveis

Apenas exponenciáveis

 

 

Finalmente fez-se luz

E os mercados têm arreigados sentimentos

Quer pela instabilidade da economia

Quer pelas bolsas

Que vão tendo consciência

Do que é importante

Nesta cruzada de amor eterno

Pelo dinheiro

 

Nobre BPN que nos enterraste

Amigo BES em agonia irreversível

Saudoso BANIF que explodiste

Só vós sabeis

Os sentimentos genuínos

Dos valores mobiliários

E o quanto é importante

Que haja milhões de tansos

E idiotas

Que tudo aceitam

E  tudo pagam

 

Geometricamente

Um seno

Ou uma cossecante

À tangente

E teoricamente um Thales

Um Arquimedes

E nem sempre a vida

É uma regra de três simples

Talvez muitas mais

E bem complicadas

Tamanha poluição numérica

Numa existência tão terrena

E árida de emoções

E a sensação de ser EU

É tão rápida e amarga

 

 

Cada movimento obedece a um cálculo

Merda…                              de vida

Feita de autómatos

E as pessoas que ousam pensar

Estão em extinção

Reproduzam-se

E cultivem-se

Talvez assim sejam menos manipuláveis

 

Afinal

Os sonhos são mensuráveis

A avaliar por este meu distúrbio

Que encerra com uma horrenda dor de cabeça

Que orça em três mil miligramas de paracetamol

Portanto

Os sonhos

Avaliam-se em quilos

 

Indignos

São os números que nos regem

Estas correntes que nos amarram

Os que os manipulam

Pelo seu mesquinho interesse

 

Soberba

Só a consciência

De viver digna

E pacificamente

Connosco próprios

 

 

LUMAVITO

20160113

CLXII

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publicado às 22:16

PROFUNDAMENTE

por avidarimar, em 06.01.16

 

IMG_0034.JPG

 

Melancolicamente arrebatado

Numa folha de papel

Alguns lápis

Mágicos lápis de cores

Imaginação e um olhar profundo

Os traços fluem como sentimentos

 

A mão

Em redondos movimentos compassados

O sol nasceu há muito

E já se põe

A mescla de cores no céu avermelhado

Em osmose com o horizonte longínquo

Do mar

A paisagem e o momento

Eternamente registados

Como se o tempo não deslizasse

 

Ao longe

A marcha dum navio mercante

Conjuga-se com o silêncio

Do infinito

E ali fico

A pensar nesta janela paradisíaca

Que o mundo nos dedica

Fundem-se o olhar e o espírito.

 

LUMAVITO

20160106

CLXI

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publicado às 22:17


Pretendo abordar diversos temas da vida de um país, em claro desespero de sintonia entre governados e governantes. A forma pretende ser a poesia, com mais preocupação pelo conteúdo da mensagem que pela forma de estilo.

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