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Francamente
Nem sempre
Nem sempre me apetece
Sorrir
Às vezes
Muitas vezes
Ocorre-me fingir
Que a vida sorri
Quando no fundo
Reconheço que
Inconscientemente
Morri
Morri quando
Devia até à exaustão ter lutado
E sucumbi
E fui andando
Fugi com medo
E escapei em segredo
Cobarde
E morri
Porque deixei pra mais tarde
O importante de agora
E aquele que por mim esperava
Ficou só
E não é ele quem chora
Choro eu de não ter a coragem
De ser eu
Em vez de tentar ser
A minha imagem
E lento
Lentamente
Vou morrendo aos poucos
Vou-me abafando indiferente
Agarrando-me
A estes tempos loucos
Como se nesta letargia
De viver do faz de conta
Me eximisse
De resistir ao que nos afronta
E o ser feliz
Não é estado de alma alcançado
Mas busca incessante
A quem se dá à vida
Apaixonado
Em cada instante
Já não tenho belos sonhos
Com pássaros e flores
Em vez de anjos
Adamastores
Consomem-me
Pensamentos medonhos
Lutas fratricidas
Horrores
Meio caminho da loucura
Tantas noites perdidas
Vagueio
No cinzento à procura
De momentos de acalmia
Quem saiba se noutro meio
Talvez a vida sorria
Talvez esta sirene
Que me trespassa a cabeça
Renasça doce melodia
Talvez um dia
A metamorfose aconteça
De lagarta a borboleta
Talvez esse fantasma que me inquieta
Se vá de vez
Talvez …
LUMAVITO
20151128
CLX
Se há alguém que não escrevendo
Se faz ler em qualquer lugar
É para nós luz na vida
Pela forma de saber estar
Cinquenta e sete rosas floridas
Irradiam inebriante odor
São páginas tão sentidas
De um livro sempre em flor
LUMAVITO
20151122
CLIX
Sei que ainda rosnas
Como cão acossado
Ladras de lá bem longe
Entoas no alto do púlpito
Com esse teu ar de monge
Convencido que tais sermões
Te chegam a este lado
Não enxergas profundo desprezo
Que nutro realmente por ti
De silêncios e punhaladas
É o mesmo de dezasseis dias
Gravados dentro de mim
Mesmo assim acreditavas
Que guardo o que tu dizias
Incomoda-te o meu silêncio
E já rondas os meus passos
A solidão a que és votado
O que te move sem clareza
Se procuras novos laços
Comigo não será com certeza
Vai morrer a outro lado
LUMAVITO
20151115
CLVIII
No centro d’arena
Do circo da vida
Desfilam artistas
O drama de fazer rir
Comédia cruelmente fingida
Aplausos da plateia
Gritos
O palhaço sai de cena
E silêncios de partir
Medonhos silêncios
No resto da jornada
Só o sabe a rulote
A solidão chateia
A solidão consome
Nesta passagem terrena
Quase missão sacerdote
Vida de tanta coisa
Tanta coisa sem nome
E recheada de nada
Qual sonhador D Quixote
LUMAVITO
21051115
CLVII