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Com a mão se dá
Com a mão se tira
Assim se faz justiça
Da verdade que é mentira
Hoje convém-nos assim
Amanhã a verdade
Tem outro fim
Como mulher vadia
Com voto de castidade
Verdade não é rigor
Nem mentira é falsidade
Seja lá o que for
Meias verdades Ocultações
Talvez até necessidade
Sobreviver às próprias limitações
LUMAVITO
05/08/2015
Economia é ciência oculta
Tão oculta que do lado de cá
Dos pobres e mal remediados
Mal se enxerga
Se não estiverem atolados
Se o não estiverem
Não há nada que se erga
Se na economia de merceeiro
Há o “DEVE” e o “HAVER”
Presumimos então
Que pra nós
Deve haver bem pouco
Ou não
Sobra um tostão
LUMAVITO
25/05/2015
Levar a carta a Garcia
Ou trazer capas de gaspear
Será raspas de capear
Ou cartas de embalar
Já não sei
Se é algo sem regra nem lei
Fico tonto
Confuso
De saber que já não uso
Os correios para tal
Eles vendem tudo
É um negócio chorudo
Sobra o código postal
Correios é pra investir
Pra vender livros de mentir
Ou então sonhos de fingir
Que sonho ir aos correios
Levar por próprios meios
Esta carta que faz rir
Não mais é possível
Correios não é mais nosso
É pra arranjar caroço
Pra quem mais tiver
Não é pra enriquecer
É de promover o crescimento
Da riqueza acumulada
E o resto sem nada
Assim se faz este viver
Longe vão os tempos
Da pujante mala-posta
Levava a correspondência suposta
De Lisboa até ao Porto
Em tempos há muito idos
O caminho era torto
Por entre o Casal dos Carreiros
Para os primeiros carteiros
Pioneiros da resposta
Por entre buracos da estrada
Na corrida apressada
Vertiginosa Infernal
Até à capital
Buracos na estrada
Quem a esburacou
Foi tanto artista que por cá passou
Que os buracos de ontem
São os mesmos de hoje
E se acossados
São quem mais foge
E o correio é pra saldar
Mais não é que roubar
É tudo o que o homem do caroço quiser
Só não é pra o que devia
Enviar uma carta a Garcia
Por muito que alguém queira
Esteja lá onde estiver
As ideias são minhas
O dinheiro não é meu
A única coisa que tenho
Além do que sonho
É sobretudo dever
Devo impostos submissão fiscal
Querem eles valores omissos
Fidelidade aos compromissos
Imponho-me eu
Nem que fique sem tostão
Queiram esses ou não
Continuo a dever
Vassalagem fora de questão
Por mais que me amarrem
Devo a mim próprio outro bem
A liberdade de pensar
Pensar diferente
Sem algemas morais
Essa liberdade que vale mais
Se quiser cada um tem
Se não se resignar dia a dia
Chegará a carta a Garcia
LUMAVITO
12/06/2013
Se algum dia
Os dias quentes se esgotarem
Corre ao centro comercial
Haverá sempre uma loja
Que os terá para venda
Basta andares umas horas no ar
Regressarás desejoso
De um dia primaveril
Não há dinheiro que o pague
LUMAVITO
29/05/2015
Que nem cães
Prestes a serem atropelados
São cães sem rosto
Os humanos acossados
Com o medo de perder
A posição
O posto
O lado cómodo
E acomodado da vida
Rouba-lhes a máscara da virtude
E escancara o propósito na atitude
A dignidade troca-se
Por qualquer lugarzito
E numa simulada mansidão
Sabe-se estar
Ou não
É o dinheiro que os motiva
Sem ele
São como gatos
Em telhado escaldante
Em cada pé que assentam
Sem jeito
Recuam
Desequilíbrio
Escorregam
Até se estatelarem
No chão acidentado
Que desconhecem
Hilariante
Se não fosse angustiante
LUMAVITO
05/08/2015