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PALAVRAS FOGO

por avidarimar, em 29.08.15

141217 IMG_0022.JPG

 

 

A vida gasta

Trajetória ovalizada

Arco ogiva

Entre o longe e o perto

Passa o sol

Fogo chamas

Brilho cintilante nos olhos

A luz que irradia

Consome lenha

A paz a arder

Caldeirão fervilhante

Circulo incandescente

Palavras fogo

Queimadas

A cinza no vazio

Dos dias consumidos

 

LUMAVITO

150829

CL

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publicado às 23:44

CHUVA BÉLICA

por avidarimar, em 29.08.15

IMG_0170.JPG

 

Chove copiosamente

E os pingos

São como setas perfurantes

Bactérias disseminadas na pele

O bicho consome lento

O vigor

A força bruta

Que venceu tantas batalhas

E aos poucos se esvai

 

Esta guerra sofisticada

Gizada na escuridão dos dias

É permanente

A erosão desgasta

A resistência mais perene

E o silvo do comboio que passa

Desconcentra o mais atento

 

Chove torrencialmente

Encharcam-me as palavras fingidas

E os pés ensopados

Nesta lama constante

Esta simulação de humanidade

As sílabas envenenadas

Que amolecem

Esta pele intumescida

E penetram bem fundo

Mais fundo que o silvo do comboio

 

Chove torrencial

E brutalmente

No largo alagado

O homem debate-se

Com a enxurrada de palavras

O típico sufoco sádico

De abafar

Quem já quase não respira

Chove desalmadamente

E não abranda

 

LUMAVITO

20150829

CXLIX

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publicado às 23:01

MEMÓRIAS VAGABUNDAS

por avidarimar, em 24.08.15

20150823 IMG_0002.JPG

Notas soltas atracam no papel

Engordando ideias amotinadas

Esvoaçam vadias com tropel

Como velhas gaivotas assustadas

 

São resquícios de cada dia

Assuntos pendentes na berlinda

Encorpando a eterna teimosia

De que a sensatez prescinda

 

Palavras brandidas como baioneta

Que o vigor da paixão exalta

Na sombra esguia da caneta

Vai a lua correndo bem alta

 

Imploro que me larguem

Ou façam algumas pausas

O tempo impõe outra viagem

A empreender novas causas

 

LUMAVITO

20150824

 

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publicado às 23:05

TALVEZ NUM DIA FERIADO

por avidarimar, em 22.08.15

Dias eram os que escutavam

Os gemidos do tempo do tédio

Em cada passo uma angústia

E os dias eram como noites

O tempo não rolava

Por entre a escuridão da estrada

Os cafés estavam vazios

E nas casas só o silêncio eremita

 

Dias eram como noites longas

E o mundo chegava

Pela televisão da casa do povo

E o monótono

Era cortado pelo circo mediático

Do comentário momentâneo

E qualquer acontecimento fútil

Era caso de admiração

 

Dias que foram tantos dias

As perguntas e o desassossego

Andavam de mão dada

Só o domingo uma rotura

No marasmo instalado

Horizonte sem futuro

Matador de projetos

E a esperança era redonda

Como redonda é a rodilha

Do cântaro que vai à fonte

 

Dias que foram longos anos

Aos domingos a missa

E o padre

Único agitador de consciências

Suscitava a atenção

Pela raridade de bem falar

Os temas mediáticos

As alminhas sequiosas

Na única fonte de conforto

À mão iam beber

 

Talvez num outro dia

A esperança de mudança

Ultrapasse a quimera

E tal como o magma fervilhante

Encarcerado

Ciclicamente se expande

E ressuscita o vulcão

Talvez este povo acorde

E entenda com acuidade

Viver a revolução

 

Talvez um dia seja feriado

E a mansidão esgotada

Talvez um novo vinte e cinco

De madrugada

 

LUMAVITO

20150821

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publicado às 22:15

NA PENUMBRA

por avidarimar, em 21.08.15

Sinto-me perseguido pelas colinas

Jornada de sombras do enigma

Dilui-se o vale e a encosta

O nítido breu no meu olhar

Já não estou no que ficou

Só o fantasma das trevas me acompanha

 

Na penumbra sedosa do riacho

As sombras agitam-se

Como corpos esvaziados

 

Por entre o dogma da noite

Escutam-se os sussurros

Nos recortes latejantes do arvoredo

E o moinho consome

Toda a água que corre silenciosa

 

LUMAVITO

20150819

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publicado às 23:24

CAMINHOS

por avidarimar, em 21.08.15

Estradas caminhos

Tão curvos tão duros

Árduos escaldantes

 

Caminhos cansaços

Carreiros solidão

Gargantas estreitas

Atalhos cruzados no labirinto

 

Rastos marcados

Na poeira dos dias

Neste percurso sem fim

 

Tarefas incompletas

Que deslizam

Como se este caminhar

Fosse num único sentido

 

LUMAVITO

20150819

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publicado às 23:07

PERDIDO DE MIM

por avidarimar, em 08.08.15

No degrau desgastado da porta

Reclinei-me sobre mim

E pressinto que adormeci

Ouvindo sussurrar em mim

Uma voz que me ecoava

- Desperta dessa letargia

Que eu vivo atormentado em ti

Despertando

Não mais parei junto a mim

E nunca me encontrei

Na viagem infinda

 

Subi à montanha

E a olhar de lá de cima

Despontou outro eu

 

LUMAVITO

2015/08/08

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publicado às 19:40

DESEJOS INSACIÁVEIS

por avidarimar, em 08.08.15

Os teus olhos brilham

Como depósitos de intensos desejos

A carne e o sangue fervilhantes

Corpos nus entrelaçados

Saciados no instinto natural

 

A voz encorpada em sussurros

Olhares coniventes cruzados

Esboçam sorriso de malícia

Talvez antes de regozijo

Como se o mundo não existisse

Nestes momentos

E o segredo do instante

Fosse só nosso

 

Nas tuas mãos suadas

As emoções escorrem entre dedos

As unhas cravadas na minha tez

Em vez de dor

Um impulso enorme

De exultação

Agitam-se os poros no êxtase

Da alma ao rubro

No silêncio do nosso cantinho

 

Sonhar a vida longa

Com o tónico do prazer

E do encanto permanente

Como se a força física

Fosse diploma conquistado

E o pudéssemos exibir

Para lá dos noventa anos

E essa pujança

Fosse irmã gémea do desejo

E a voz do amor

Fosse o silêncio

O grande contentor do desejo

Poder inflamado da paixão

 

LUMAVITO

2015/08/08

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publicado às 18:57

DESBRAVAR

por avidarimar, em 08.08.15

Ser primata pensante

É perceber

Que nem sempre encontro explicação

Para o que se afigura estranho

Mas é também saber

Que é a minha condição de humano

Que não me expõe o natural

Para criar esse conhecimento

Desbravar é a minha tarefa

 

LUMAVITO

2015/08/08

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publicado às 16:37

ENIGMAS

por avidarimar, em 08.08.15

Enigma é criação da faculdade de pensar

E essa só está ao alcance dos humanos.

Decifrá-los, é tarefa incontornável.

 

LUMAVITO

2015/08/08

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publicado às 15:38

CONSCIÊNCIA OU ESTADO DE ALMA

por avidarimar, em 08.08.15

Persigo-te ansiosamente

Desde que me conheço

Quero ouvir a sonoridade do teu poema

Embrenhar-me nos teus enigmas

Sem que a melancolia me tome

Aguardo-te no limbo inquietante

Das incertezas

Quero ser o teu sorriso

 

LUMAVITO

2015/08/08

 

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publicado às 15:31

SILÊNCIO E INFINITO

por avidarimar, em 08.08.15

Não te escondas

No cinzento agonizante do infinito

Por ser grande não é imperativo

Recorta-o

Entoando a tua voz

Na solidão que paira nos céus

Para que o vazio não se perpetue

 

LUMAVITO

2015/08/08

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publicado às 14:54

VERBALMENTE  LISBOA SUBSTANTIVA

por avidarimar, em 06.08.15

Calçada preta e branca                 Rendilhada         Na avenida

Ruas fervilhantes            De luz   Cheias de vida

Olhar errante dos transeuntes

Em rápidas incursões     Pelas montras

O sol nas águas do lago                E no banco de jardim

Jovens aos magotes      Em permanente festim

 

Imponente        A ponte               Por cima da cidade

Comboios serpenteantes           Em alta velocidade

Os cacilheiros nervosos                               Em fio

O Tejo                  E as águas do rio

Buliçosas             Ao longo da margem

Ao desafio          Com os olhos da garotagem

 

Na praça              Ao luar                 o bailarico

Na viela à janela o manjerico

O gato o melro E o voo da gaivota

O petiz atrás da bola      e a garota

Pregões               Incendiados       De varina

E o castelo          Sobranceiro       No topo da colina

 

Os carris              Do elétrico amarelo

Entradas para o metro                  Lá no fundo

Autoritário         O semáforo       Vermelho

O cão    O mendigo         E o velho

No silêncio         soberbo

As gentes da cidade       O acervo             Sem verbo

 

LUMAVITO

15/03/2015

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publicado às 23:10

HUMANUM EST

por avidarimar, em 05.08.15

Com a mão se dá

Com a mão se tira

Assim se faz justiça

Da verdade que é mentira

Hoje convém-nos assim

Amanhã a verdade

Tem outro fim

Como mulher vadia

Com voto de castidade

 

Verdade não é rigor

Nem mentira é falsidade

Seja lá o que for

Meias verdades                              Ocultações

Talvez até necessidade

Sobreviver às próprias limitações

 

LUMAVITO

05/08/2015

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publicado às 23:46

NOÇÕES DE ECONOMIA II

por avidarimar, em 05.08.15

Economia é ciência oculta

Tão oculta que do lado de cá

Dos pobres e mal remediados

Mal se enxerga

Se não estiverem atolados

Se o não estiverem

Não há nada que se erga

 

Se na economia de merceeiro

Há o “DEVE” e o “HAVER”

Presumimos então

Que pra nós

Deve haver bem pouco

Ou não

Sobra um tostão

 

LUMAVITO

25/05/2015

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publicado às 22:17

SE A CARTA CHEGAR A GARCIA

por avidarimar, em 05.08.15

Levar a carta a Garcia

Ou trazer capas de gaspear

Será raspas de capear

Ou cartas de embalar

Já não sei

Se é algo sem regra nem lei

 

Fico tonto

Confuso

De saber que já não uso

Os correios para tal

Eles vendem tudo

É um negócio chorudo

Sobra o código postal

 

Correios é pra investir

Pra vender livros de mentir

Ou então sonhos de fingir

Que sonho  ir aos correios

Levar por próprios meios

Esta carta que faz rir

 

Não mais é possível

Correios não é mais nosso

É pra arranjar caroço

Pra quem mais tiver

Não é pra enriquecer

É de promover o crescimento

Da riqueza acumulada

E o resto sem nada

Assim se faz este viver

 

Longe vão os tempos

Da pujante mala-posta

Levava a correspondência suposta

De Lisboa até ao Porto

Em tempos há muito idos

O caminho era torto

Por entre o Casal dos Carreiros

Para os primeiros carteiros

 

Pioneiros da resposta

Por entre buracos da estrada

Na corrida apressada

Vertiginosa Infernal

Até à capital

 

Buracos na estrada

Quem a esburacou

Foi tanto artista que por cá passou

Que os buracos de ontem

São os mesmos de hoje

E se acossados

São quem mais foge

E o correio é pra saldar

Mais não é que roubar

 

É tudo o que o homem do caroço quiser

Só não é pra o que devia

Enviar uma carta a Garcia

Por muito que alguém queira

Esteja lá onde estiver

 

As ideias são minhas

O dinheiro não é meu

A única coisa que tenho

Além do que sonho

É sobretudo dever

 

Devo impostos submissão fiscal

Querem eles valores omissos

Fidelidade aos compromissos

Imponho-me eu

Nem que fique sem tostão

Queiram esses ou não

Continuo a dever

Vassalagem fora de questão

 

Por mais que me amarrem

Devo a mim próprio outro bem

A liberdade de pensar

Pensar diferente

Sem algemas morais

Essa liberdade que vale mais

Se quiser cada um tem

Se não se resignar dia a dia

Chegará a carta a Garcia

 

LUMAVITO

12/06/2013

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publicado às 22:16

DIAS QUENTES

por avidarimar, em 05.08.15

Se algum dia

Os dias quentes se esgotarem

Corre ao centro comercial

Haverá sempre uma loja

Que os terá para venda

 

Basta andares umas horas no ar

Regressarás desejoso

De um dia primaveril

Não há dinheiro que o pague

 

LUMAVITO

29/05/2015

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publicado às 22:13

MÁSCARA CAÍDA

por avidarimar, em 05.08.15

Que nem cães

Prestes a serem atropelados

São cães sem rosto

Os humanos acossados

Com o medo de perder

A posição

O posto

O lado cómodo

E acomodado da vida

Rouba-lhes a máscara da virtude

E escancara o propósito na atitude

 

A dignidade troca-se

Por qualquer lugarzito

E numa simulada mansidão

Sabe-se estar

Ou não

 

É o dinheiro que os motiva

Sem ele

São como gatos

Em telhado escaldante

Em cada pé que assentam

Sem jeito

Recuam

Desequilíbrio

Escorregam

Até se estatelarem

No chão acidentado

Que desconhecem

Hilariante

Se não fosse angustiante

 

LUMAVITO

05/08/2015

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publicado às 22:09

DUZENTAS MILHAS

por avidarimar, em 04.08.15

Desfralda a vela

Levanta âncora

Solta-se do porto

Segue o rumo

Onde o mar é mais profundo

 

As gaivotas sobrevoam

O espaço aéreo do veleiro

As cordas os nós das cordas

Os mastros as roldanas

O leme e a ré

As ondas e o baloiçar

O dia inteiro

O vento e a maré

Sonhos de ser marinheiro

Quis a carta de marear

 

Tantos termos

Eu sabia

Devia dar para aprovar

Resultado eloquente

Do teste que não exame

A carta?

Zombaram

Só se fosse de marinar

Em tina de água doce

Não esperava tal vexame

Um momento que fosse

 

Entendia-me eu

Entendedor do mar

Submergi em frustração

Submeteram-me a um teste

Mas não examinaram

Do mar a minha paixão

 

Ficou por medir

O nível de brisa marinha

No meu corpo

Nem mediram a pulsação

Enquanto contemplo as ondas

Bem longe da civilização

E das práticas hediondas

O punhal sempre à espreita

Onde tudo nasce torto

E nada se endireita

 

Não sabem nem sonham

Quantos glóbulos vermelhos saltitam

Com a espuma

Que se dissipa na areia

Nem sequer requisitaram

Teste de função respiratória

Quando me deixo balançar

Ao sabor das ondas

 

Quis-lhes dizer

Que na praia vivo o seu ecoar

Com a mesma dependência

Do ar que respiro

Mas não me ouviram

Acham-se eles os donos do mar

 

Nem sei

Se esta febre de privatizações

Não atinge a venda do mar

Pelo todo ou a retalho

Aos senhores

Exímios em especular

 

As nossas águas

Já nós vendemos

A troco duns subsídios

O direito à pesca

Para abate das traineiras

É uma farsa dantesca

Só tempos depois entendemos

O veneno das carpideiras

 

Ainda assim vou continuar

Contra a sua vontade

A ouvir a nostálgica voz do mar

Que ecoa na praia

À luz ténue do luar

 

LUMAVITO

27/06/2015

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publicado às 23:17

AMIZADE

por avidarimar, em 04.08.15

É visceral

Entranha-se indelével

A real amizade

Resiste

Para lá do infernal

 

A outra vai-se

Ao primeiro percalço

Desnuda-se

E roda pé descalço

 

Não passou

De frequentes encontros

Agradáveis

Palavras simpáticas

Terríveis desencantos

 

Desmontada

Evaporou-se

E nada ficou

Nada

 

LUMAVITO

04/08/2015

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publicado às 23:03

Pág. 1/2



Pretendo abordar diversos temas da vida de um país, em claro desespero de sintonia entre governados e governantes. A forma pretende ser a poesia, com mais preocupação pelo conteúdo da mensagem que pela forma de estilo.

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