Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Depois de sepultada a carcaça
E em que nem os bichos
A conseguem corroer
Quero reencarnar em pássaro
Sem limites terrenos
Assumir a cor das papoilas
Despontar do bolbo do lírio
No mês de Abril
De madrugada
Erguer-me na forma de camélia
Ou de uma orquídea
Ou talvez até de nada
Quero regar o meu canteiro
Dispor as sementes
Em vasos virados ao sol
Um sorriso em tons de violeta
E sempre que achar oportuno
Serei sobreiro oliveira
Macieira ou damasqueiro
Ou ave de rapina
Só não quero
A figura evoluída de primata
De tão pútrida a alma
Fedem em vida
Desde que crescem
LUMAVITO
07/07/2015
Translúcida
O mundo é baço
Lá fora
Não circula ninguém
Um calor insuportável
Cá dentro
À pinha
Está-se bem
Lá fora
Quando a chuva cai
Ecoa a violência da queda
Um frio de rachar
Cá dentro
Agradável
Se lá fora
Há uma crise económica
Governantes insensíveis
À pobreza pelas ruas
Cá dentro
Nada se passa
E a situação é estável
Se alguém busca
Um dia sempre igual
Abrigue-se na claraboia
Do centro comercial
LUMAVITO
02/07/2015